Brincar é prioridade na vida adulta

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Falamos muito sobre a importância do brincar livre para crianças e como não é algo que deve acontecer só se sobrar tempo. Após um entendimento profundo da importância do brincar para crianças, é impossível negar suas vantagens e seu lugar no processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil. Mas este post não é para falar do brincar infantil, é para falar do brincar ADULTO! E é necessário que você também entenda a importância dele na sua vida. 

Mas antes de chegar na prática do brincar adulto, vamos fazer uma miniviagem no mundo da psicologia positiva – os pesquisadores que estão estudando o que é saúde mental e bem-estar e como CULTIVAR. Por quê? Porque o brincar para o adulto será apenas algo fofo e na moda se não tiver algum embasamento científico. Afinal, somos a Bilinguistas, um centro de formação para professores bilíngues, não um spa. E estamos interessadas nesse assunto porque… bom, acho que até o final desta leitura você vai entender. E se você acabou de chegar e não sabe por que falamos de bem-estar para professoras, clique aqui para o nosso disclaimer sobre bem-estar. Pois é, esse é um assunto que rende! Anyways

Bora viajar!

Primeiro, precisamos entender o que é saúde mental e se você falou “já sei, é o outro lado do espectro de doença mental”, você estaria entre a maioria, mas, infelizmente, totalmente errada. Mas, tudo bem, por isso escrevi este artigo, né? Porque, pense comigo, se você não tem um diagnóstico clínico de depressão ou ansiedade, isso sempre significa que você está se sentindo incrível? Que sente que sua vida tem propósito e mesmo se surgirem desafios ou sofrimento que você é totalmente resiliente para sair com aprendizagens e uma percepção de que sua vida é mais da hora ainda? 

Então, não. 

Só porque você não tem um diagnóstico de transtorno mental não significa que você está COM saúde mental. E a pessoa que tem sim um diagnóstico de depressão ou ansiedade? A pessoa simplesmente não pode ter saúde mental porque tem uma condição? That’s not fair, is it? 

Corey Keyes e seus contemporâneos fizeram um estudo incrível em 2002 com a principal pergunta sendo “Are adults who remain free of mental illness annually and over a lifetime mentally healthy and productive? (Tradução livre: Os adultos que permanecem livres de doenças mentais anualmente e ao longo da vida são mentalmente saudáveis ​​e produtivos?”). E vou dar um spoiler: não.

A doença mental e a saúde mental são altamente correlacionadas, mas pertencem a contínuos separados e, portanto, a prevenção e tratamento de doenças mentais não necessariamente resultam em indivíduos mentalmente mais saudáveis. Ou de forma mais simples que o próprio Corey Keyes falou em uma aula na PUC-RS: 

The absence of mental illness is NOT indicative of the PRESENCE of mental health!” ou, traduzindo: “A ausência de doença mental NÃO é indicativa da PRESENÇA de saúde mental!”.

Total gamechanger! Leia de novo, para você pegar o impacto que isso pode gerar. 

Então Keyes e seus colegas conceitualizaram, mediram e estudaram os sintomas do bem-estar subjetivo de um indivíduo, medindo a presença e ausência de bom funcionamento da vida de uma pessoa.

Criaram um contínuo de saúde mental com um lado mostrando uma pessoa com saúde completa e, no outro lado, incompleta. O completo se chama flourishing e o incompleto languishing. Flourishing é definido por estar repleto de emoções positivas com um bom funcionamento psicológico e social. Languishing é concebido como vazio e estagnação, constituindo uma vida de desespero silencioso que se assemelha a relatos de indivíduos que descrevem a si mesmos e a vida como ocos, vazios.

Em outro estudo de 2011 chamado A Tuesday in the Life of Flourishers, Catalino e seus colegas investigaram se e como as atividades diárias e rotineiras promovem flourishing. Eles concluíram, após muita pesquisa da vida de pessoas com saúde mental do nível alto ou flourishing, que a promoção do bem-estar pode ser alimentada por pequenas diferenças na experiência emocional dos indivíduos de pleasant everyday events (tradução livre: ​​acontecimentos cotidianos agradáveis). Perceberam num outro estudo também que:

“Experimentar emoções positivas amplia a consciência dos indivíduos. Por sua vez, considera-se que isso permite temporariamente que eles absorvam mais do seu ambiente, bem como construam recursos pessoais cognitivos, psicológicos, sociais e físicos duradouros. Experimentar emoções negativas, em contraste, estreita as perspectivas dos indivíduos, concentrando-se excessivamente no negativo para evitar estressores ou problemas. Assim, as experiências de emoções positivas são entendidas para prever e cultivar o crescimento dos recursos pessoais, permitindo que os indivíduos lidem com a vida e suas dificuldades com mais sucesso.”

Fredrickson’s broaden-and-build theory 2004, 2013

Catalino e seus colegas também elencaram seis atividades conhecidas por provocar emoções positivas:

  • Ajudar os outros;
  • Interagir com os outros;
  • Aprender algo novo;
  • Engajar-se em atividade espiritual;
  • Exercitar-se;
  • E BRINCAR!

Finalmente chegamos ao ponto do texto! Não vou entrar em todas as atividades, mas o estudo é muito interessante e eu indico fortemente sua leitura. Mas vamos entrar em uma das atividades conhecidas pela promoção de saúde mental que é o BRINCAR. 

Os primeiros três itens na lista são atividades que já acontecem com uma professora em sala de aula, mas os outros três são opcionais nas nossas vidas e é algo que precisamos nos preocupar para incluir no nosso dia a dia para virar prioridade!

Como os adultos brincam?

De muitas maneiras, mas vamos lembrar o que é brincar, usando o conceito de Peter Gray: 

“Brincar é uma atividade que é (1) autoescolhida e autodirigida; (2) intrinsecamente motivada; (3) guiada por regras mentais; (4) imaginativa; e (5) conduzida em um estado de espírito ativo, alerta, mas relativamente não estressado.”

Pense na sua vida, o que você faz hoje que pode se encaixar nessa definição? 

  • Quando foi a última vez que você pegou sua bicicleta e pedalou sem saber aonde ir? Ou sentou numa bola de pilates and bounced up and down? Simplesmente mudar a forma de ir de um lugar para o outro pode se tornar um momento de brincar. 
  • Você tinha um hobby que você largou em um ponto da vida que pode ser resgatado? 
  • Se você gostava de massinha quando era criança, que tal experimentar com biscuit ou argila? 
  • Quando foi a última vez que subiu numa árvore? Nem digo trepar… tirar seu pé do chão já é um bom começo. O que sente quando se imagina fazendo? Silly?
  • Já tentou adivinhar uma receita de algo que você ama?

E não precisa ser algo que você faça sozinha, pode incluir outras pessoas:

  • Jogar um jogo de tabuleiro com uma pessoa querida. 
  • Fazer uma tarde de dança com sua teacher-bestie.
  • Quem ama um quebra-cabeça? Só faço se eu tiver um pirulito na boca!
    Uma palavra: Frisbee, conhece um jogo chamado Frisbee Golf? É da hora!
  • Assistir ou tentar conversar com os macacos ou os flamingos no zoológico… sério, good day trip.
  • Fazer uma aula de ginástica ou dança ou de luta pode ser o nosso brincar adulto também!

Na verdade, qualquer coisa que te deixa com good vibes, relaxado e livre – que te tire do relógio – é você no modo brincar! E, após este post, acho que você entende por que é tão importante o ser humano brincar – não só a criança – mas também você, um adulto querendo viver uma vida de saúde mental completa! Um flourisher!

E é por isso que nós da Bilinguistas queremos falar desse assunto. A nossa meta, quando falamos de bem-estar, é falar da flourishing da professora, de ela estar repleta de emoções positivas com um bom funcionamento psicológico e social para que ela possa ocupar seu papel na sociedade como professora de maneira plena. 

É a professora, o ser dela, que entra em sala, é ela que é o modelo para as crianças, é ela que age e reage aos pensamentos e emoções das crianças, é ela, a sua pessoa, que tem que estar pronta para o desafio enorme que é a sala de aula bilíngue e nós sabemos disso profundamente. Aliás, até fizemos um curso só pensando nesse ser – a professora bilíngue. Quer saber mais? Clique Aqui!

Referências:

  • CATALINO, Lahnna I. et al. A Tuesday in the Life of a Flourisher: The Role of Positive Emotional Reactivity in Optimal Mental Health. American Psychological Association. 2011, Vol. 11, No. 4, 938–950. Disponível em: link. Acesso em 22 de agosto de 2022.
    GRAY, Peter. Definitions of Play. Scholarpedia. 2013. 8(7):30578. Disponível em: link. Acesso em 22 de agosto de 2022.
  • KEYES, Corey L. M. The Mental Health Continuum: From Languishing to Flourishing in Life. Journal of Health and Social Research. 2002. Vol. 43: 207-222. Disponível em: link. Acesso em 22 de agosto de 2022.
  • SCHREIBER, Carina. Life as a Flourisher: An Experience Sampling Study Exploring the Association between Momentary Affect and Hedonic and Eudaimonic Behavior in Daily Life. University of Twente. 2021. Disponível em: link. Acesso em 22 de agosto de 2022.
  • SUS. Saúde mental. Fiocruz. Disponível em: link. Acesso em 22 de agosto de 2022.

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