Escola é lugar de inventar moda?

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The education world overspills with thrilling sounding initiatives — from ‘flipped classrooms’ to one-on-one tablets; from forest learning to discovery-based learning. Each new innovation is jumped upon eagerly by hoards of school leaders and education consultants keen to try on the emperor’s new clothes. Yet one of the most powerful influences on learning is so simple and unfashionable that it is often overlooked: a teacher’s capacity to explain things clearly.

De Andy Tharby1 1em “How To Explain Absolutely Anything to Absolutely Anyone: The art and science of teacher explanation”

A história da educação é também a história dos modismos educacionais, das idas e vindas de soluções rápidas para problemas educacionais profundamente arraigados. O resultado é uma intensificação da fragmentação de energia e de esforços nas escolas, juntamente com um desperdício significativo de tempo da equipe pedagógica e o dinheiro das escolas. 

Por “modismo” queremos dizer uma ideia que é abraçada com entusiasmo por um curto período de tempo. Na escolaridade, isso normalmente significa uma ênfase de curta duração numa novidade pedagógica aparentemente maravilhosa que transformará o ensino-aprendizagem sem muito esforço por parte de ninguém. Podemos citar como exemplo as muitas escolas monolíngues que têm comprado e inserido programas bilíngues no contraturno porque é uma demanda da comunidade escolar que tem surgido em todo o Brasil e não querem ficar de fora. 

Isso significa que programas bilíngues são o problema? Claro que não, especialmente se a escola implementa o bilinguismo aos poucos, com cautela, alinhada com o PPP da escola e com todo o apoio para o desenvolvimento tanto dos alunos, quanto da equipe pedagógica e as famílias. Mas, infelizmente, esse tipo de implementação não é a regra – e aqui na Bilinguistas vemos isso nos muitos relatos de professoras de programas bilíngues em quase todos os estados brasileiros. 

Mas esses modismos não são só no mundo de escolas e programas bilíngues. Muitos professores tornam-se cada vez mais cansados e com medo de ficar “por fora” dessas novidades, indo atrás de como implementar certos acrônimos recorrentes e presentes nas escolas (PBL, CLIL, NVC, SOR, DPL, IEP etc.). Outras professoras (e gestores de escolas) aderem cegamente a novidades ou materiais didáticos que prometem resultados maravilhosos, mas que são uma chantagem mercadológica ou velhas práticas com novos nomes. Não existem quick fixes em educação. 

Cada um desses modismos tem defensores ideológicos, muitas vezes, baseando-se em um pensador de educação, pesquisas variadas, para fundamentar suas ideias. Cada uma dessas novidades educacionais devem ser avaliadas criticamente quanto aos fundamentos teóricos e, não cansamos de dizer, à aplicação adequada no seu contexto local.

Mas, como você pode se resguardar (e seus alunos) diante de tudo isso? Veja essa metáfora:

Você sabia que o treinamento na identificação de moeda falsa começa com o estudo do dinheiro genuíno? O Banco do Brasil disponibiliza um PDF com módulos e etapas para o reconhecimento de cédulas e moedas legítimas – e não falsas!



Pois é, para você entender o que é uma novidade educacional interessante para você, sua escola e seu contexto, para você ter a segurança de reconhecimento de uma boa prática/abordagem/material, foque em aprimorar estas três áreas:

1. Conhecimento pedagógico em dia! Volte para as raízes da educação. A gente preparou um curso rápido de 15 horas que elenca as principais teorias e teóricos do desenvolvimento infantil e da aquisição da língua, ele está aqui. Com seu conhecimento pedagógico em dia, você vai poder reconhecer quando as pessoas usam (e abusam de) conceitos teóricos.

2. Conhecimento da sua escola atual! Avalie se a novidade/approach/material se alinha com o PPP da sua escola atual e a direção para onde sua escola gostaria de caminhar. Implementação é algo que tem que ser feito em comunidade, até para questões de accountability!

3. Conhecimento do seu contexto local! Existem recursos (pessoas, tempo, dinheiro) para que uma ideia seja adotada de forma apoiada e duradoura? Senão, é desperdício. Além disso, deve haver garantias de que a ideia/approach/material tenha sido testada em ambientes com crianças aprendendo uma segunda língua em contextos como o seu. Funcionar com uma criança monolíngue não significa que vai funcionar ou fazer sentido para seu contexto bilíngue.

Ao aprofundar-se na pedagogia e na sua realidade e contexto atual, cria-se um filtro para essas novidades educacionais que aparecem com muita frequência. Levantar dúvidas, questionar e pesquisar são atos maduros e mostram pensamento crítico de um profissional de educação bilíngue. Lembre-se:

Nothing of real value comes easily; a rich intellectual environment — alive with curious and determined students — is possible only with critical thinking at the foundation of the educational process.

Foundation for Critical Thinking

Após esse filtro feito, relacione a novidade educacional com os ingredientes essenciais do processo educacional. Algumas boas perguntas do livro “A Critical Thinker’s Guide to Educational Fads” (pág. 20) são:

  • Como ajudará os alunos a analisar e avaliar o seu próprio pensamento e o pensamento dos outros de forma mais eficaz?
  • Como isso os ajudará a agir de maneira razoável e eficaz em suas vidas?
  • Como isso os ajudará a tornar a autoavaliação uma parte integrante de suas vidas?
  • Como isso os ajudará a dominar o conteúdo em diversas disciplinas?
  • Como isso os ajudará a se tornarem leitores, escritores, palestrantes e ouvintes proficientes?
  • Como isso os ajudará a melhorar a qualidade de suas vidas e a vida de outras pessoas?
  • Como isso os ajudará a se tornarem pessoas razoáveis ​​e imparciais?
  • Como isso os ajudará a usar suas habilidades de raciocínio para contribuir para a sua própria vida emocional e a dos outros?
  • Como isso os ajudará a pensar, sentir e agir com eficácia e integridade?

Então, professora, se você desconhece ou está se sentindo “por fora” de alguma novidade educacional, lembre-se: é na relação com VOCÊ e na maneira que você MOSTRA seus conhecimentos que a criança aprende. ANTES de se aprofundar numa novidade educacional, garanta que o arroz e feijão esteja bem feito e que seus filtros estejam enraizados em pedagogia com senso crítico, estão on point

  1. Andy Tharby é professor de inglês com mais de uma década de experiência em sala de aula em uma escola secundária no UK. Ele é coautor do premiado Making Every Lesson Count e autor de Making Every English Lesson Count. Andy também está interessado em ajudar outros professores a entrar em contato com as evidências apresentadas em pesquisas. ↩︎

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