The environment as a teacher: um parceiro na Educação Infantil Bilíngue

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“In order to act as an educator for the child, the environment has to be flexible: it must undergo frequent modification by the children and the teachers in order to remain up-to-date and responsive to their needs to be protagonists in constructing their knowledge.” Lella Gandini (1998)

Por que decoramos nossa sala? Muitas respostas, igualmente válidas, podem ser dadas: porque queremos que o ambiente seja bonito e acolhedor, porque as produções das crianças nas paredes trazem pertencimento, porque a escola exige assim, porque as famílias gostam, porque a professora usa os cartazes como ferramenta de ensino.

Pensando na questão das escolhas intencionais e pedagógicas para o ambiente, Loris Malaguzzi nos apresenta o conceito “the environment as a teacher”

Fazendo uma ponte com Vygotsky, Malaguzzi também acreditava que a aprendizagem era social e precedia o desenvolvimento cognitivo. Assim, ele enfatizou muito o papel do ambiente no processo de tornar a aprendizagem um ato significativo. Mas, como potencializar esse caráter do ambiente? Para ele, o ambiente deve ser flexível e responder à necessidade que professores e crianças têm de criar juntos. Assim, é através da manipulação dos objetos e da criação artística que a criatividade pode emergir, o que torna o ambiente um reflexo dos valores que o professor quer comunicar às crianças. 

E o que o conceito de terceiro professor quer dizer, na prática, para nosso contexto bilíngue brasileiro? Vamos trazer uma reflexão sobre as paredes da sala. O conceito original abrange muito mais do que isso, ele abarca a escolha dos brinquedos, dos objetos, da luz, dos tecidos, das texturas, dos sons e cheiros, dos materiais naturais e manipuláveis, enfim, ele engloba toda a materialidade do ambiente escolar, mas aqui vamos pensar especificamente sobre as paredes. 

Se as paredes são capazes de comunicar as expectativas que temos para as crianças, o que uma parede que exibe worksheets idênticos, em que todas as crianças seguiram um modelo para chegar a um mesmo resultado, comunica? Queremos crianças uniformes, capazes de seguir instruções para executar um trabalho mecânico? Falamos tanto em protagonismo, autonomia e criatividade – essas características são demonstradas com a exposição de trabalhinhos padronizados?

Uma outra questão que aparece no bilíngue é a decoração das paredes com materiais importados. Um recurso caro, de estética “fofinha” e que tem status elevado, simplesmente por ser importado. Nas salas bilíngues, encontramos weather charts, voice thermometers, feelings charts, calendars, sight words e mais uma coleção de posters coloridos e que poderiam estar em qualquer sala do mundo, pois não pertencem à criança alguma

“Psychology researchers Anna V. Fisher, Karrie E. Godwin and Howard Seltman of Carnegie Mellon University looked at whether classroom displays affected children’s ability to maintain focus during instruction and to learn the lesson content. They found that children in highly decorated classrooms were more distracted, spent more time off-task and demonstrated smaller learning gains than when the decorations were removed.”

https://www.naeyc.org/resources/pubs/yc/nov2015/emergent-curriculum

Com este estudo, percebemos que, para que o ambiente possa ser o também um professor, menos é mais. Construir as paredes aos poucos, dando a elas sentido de pertencimento e de registro de percurso, criando uma estética agradável e de cuidado, é o que vai possibilitar ter este terceiro parceiro no seu time. 

O conceito de environment as the third teacher vem de Malaguzzi, mas ele é encontrado, com muitas similaridades, nas práticas de Making Learning Visible propostas no Project Zero da Universidade de Harvard. Quando pensamos em tornar aprendizagens visíveis, as paredes são recursos extremamente valiosos. Imagine uma de suas paredes com fotos semanais dos vasinhos que plantaram juntos em um projeto, da altura do salto das crianças no começo do ano e no final, um mural com os maiores desafios vencidos (relatados por elas), uma exibição de fotos dos momentos de brincadeira! Quantas oportunidades de ensino, aprendizagem e uso de língua uma parede assim proporciona? Aqui temos um texto que reflete especificamente o uso dos murais nos contextos bilíngues.

Agora que você conhece o conceito de Environment as the third teacher, que tal sentar no chão da sua sala, olhar em volta e verificar se suas paredes dizem para suas crianças aquilo que você quer dizer?

Referências:

  • A. V. Fisher, K. E. Godwin, H. Seltman. Visual Environment, Attention Allocation, and Learning in Young Children: When Too Much of a Good Thing May Be Bad. Psychological Science, 2014; DOI: 10.1177/0956797614533801
  • Gandini, L. 1998. “Education and Caring Spaces” in Edwards, C., Gandini, L., & Forman, G. The Hundred Languages of Children. Greenwich, CT: Ablex.

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