A regra é clara! E não é um combinado

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Você já parou de usar a palavra regra – rule – e passou a usar combinado – agreement?

Existe uma questão muito séria com a palavra regra, que é vista como parte de uma pedagogia autoritária. As pessoas estão substituindo o uso da palavra regra pela palavra combinado, mas eles são duas coisas muito diferentes.

As regras existem e não devem deixar de estar presentes nos contextos escolares. A regra é não negociável. A regra nem sempre é da sala. Às vezes é uma regra da escola, às vezes é uma regra de convivência social. Quando você diz “não pode correr no corredor”, isso não é um combinado, é uma regra, é uma regra da escola inteira. Ninguém pode correr. Nem os adultos, nem as crianças, nem as outras salas.

A gente precisa tirar o peso da palavra regra. Apesar de não ser negociável, ela pode – e deve! – ser discutida e compreendida. Você pode explicar o porquê de uma regra existir e ouvir o que as crianças acham. Qualquer ambiente coletivo e até familiar vai ter uma série de regras não negociáveis que estão postas ali para as crianças seguirem (e muitas vezes os adultos também). Regras de trânsito, leis, regras do condominio, regras de segurança. 

A professora precisa registrar a presença todos os dias? Regra. A comida não pode ser consumida fora do refeitório? Regra. As crianças precisam usar uniforme? Regra. Nenhuma destas situações está aberta ao debate ou à mudança de acordo com a opinião daqueles que precisam cumpri-las. 

O combinado é diferente da regra. A regra vem imposta e não negociável, de cima para as crianças e possivelmente para os adultos também. Já combinado emerge de seu grupo a partir de alguma situação que aconteceu. Então aí sim o combinado vai ser debatido com as crianças e pode ser construído coletivamente e alterado com o passar do tempo.

Contruído pelo seu grupo diante de uma necessidade, um conjunto de combinados pode ser acordado e debatido, e ir variando ao longo do ano e, dependendo das necessidades da sua turma, revistos. E a roda é um excelente momento para tratar essas regras e tratar também esses combinados. Só pode pegar um brinquedo por vez, não pode misturar as cores da massinha, precisa tirar os sapatos antes de entrar na areia – combinados que seu grupo vai criar de acordo com os conflitos ou com as problematizações que você propõe.

É importante também perceber que, quanto mais velha a criança fica, mais ela consegue lidar com um conjunto de regras e de combinados. Você precisa adequar essa quantidade pensando na faixa etária. Talvez três regras, três combinados e assim ir progredindo conforme a criança vai ficando mais velha. 

Também é importante perceber que, conforme a criança avança na escolarização, ela vai percebendo como adequar um conjunto de regras e combinados para um determinado ambiente. Ela começa a entender que, se na quadra você pode gritar, na biblioteca você tem que falar baixo.

Não é preciso temer a regra! O que devemos temer é adotar uma posição autoritária, sem diálogo, mas mudar o nome para combinado para dar um verniz de pedagogia participativa. Então, chame cada coisa por aquilo que é: regra é regra, combinado é combinado!

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